segunda-feira, 14 de março de 2011

Leituras da Crise - Tempo de Reler Bourdieu



Bourdieu escreveu abonde sobre a economia da precarização e da flexiexploração e sobre os seus efeitos colaterais. Não somente sobre as consequências económicas strictu sensu, mas também sobre aquelas que decorrem da economia da lei da conservação da violência, isto é, a violência social sob a forma de suicídios, de delinquência, de crimes, de droga, de alcoolismo, de pequenas ou grandes violências quotidianas, e que são a contrapartida psicossocial do deperecimento do Estado e da violência estrutural exercida pelos mercados financeiros, sob a forma de despedimentos e de precarização.

Foi claramente exposto que hoje a precariedade está em toda a parte. No sector privado, mas também no sector público, que multiplicou as posições temporárias e “a recibo”, nas empresas industriais, mas também nas instituições de produção e de difusão cultural, educação, jornalismo, meios de comunicação social, etc., com a precariedade produzindo efeitos sempre mais ou menos idênticos e que se tornam particularmente visíveis no caso extremo dos desempregados: a desestruturação da existência, privada entre outras coisas das suas estruturas temporais e a degradação de toda a relação com o mundo, com o tempo, com o espaço, que se lhe segue. A precariedade afecta profundamente aquele ou aquela que a sofre; tornando todo o futuro incerto, proíbe qualquer antecipação racional, em particular, esse mínimo de esperança e de crença no futuro que é necessária à revolta, sobretudo colectiva, contra o presente, por mais intolerável que este seja.

P. Bourdieu

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