Javier Marias, fescenino, definiu a fidelidade como a constância e a exclusividade com que um determinado sexo penetra ou é penetrado por outro igualmente determinado, ou se abstém de ser penetrado ou de penetrar noutros. Ora, se infidelidade não é mera cosa mentale, a sua ocultação é cosa corporale. Escreveu Ovídio Na Ars Amatoria:
As tuas aventuras, por melhor que as escondas, se vierem, no entanto,
a ser descobertas,
ainda que as descubram, tu, mesmo assim, nega-as até ao fim;
nesse caso, não sejas submisso nem mais delicado do que tens por
costume;
tais atitudes são sinal evidente de sentimentos de culpa.
Pelo contrário, não poupes o teu corpo; toda a paz reside, apenas, nele:
é na cama que tens de desmentir ter havido, antes, outra Vénus.
Ovídio, Ars, 2.409 - 414
(Tradução de Carlos Ascenso André)
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