quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Telecracia Contra a Escola



Em Junho de 2005, o filósofo Freudo-Marxista Bernard Stiegler (portanto, um psicobolche) e um grupo Compagnons de Route fundaram a Ars Industrialis, um movimento de pensamento que se propôs denunciar a submissão da vida do espírito aos imperativos económicos do populismo industrial, suportado hodiernamente por technologies de controle (tecnologias industriais da comunicação) com as quais, segundo Stiegler, começa uma nova história da consciência.
O diagnóstico: degradação da opinião pública e a sua metamorfose na figura polimórfica da audiência; transformação de todo o tempo disponível do cérebro em mercadoria; fagocitação e transformação do corpo político numa telecracia; depreciação do valor espírito.
No contexto de uma cultura eminentemente dispersiva, são curiosas algumas reflexões sobre a atenção - enquanto competência psicológica e social capturada pelas novas tecnologias do espírito - e sobre a escola, cativa agora do Gadgetismo crédulo e distractivo dos Magalhães e dos Quadros Interactivos.

“ A escolarização dos corpos não é simplesmente aprender a ficar sentado uma hora ou duas, é aprender a ficar sentado e escrever ( graphein, que é a origem de gramma, letra): com aplicação, escrever. Trata-se, de qualquer modo, de aprender a permanecer sentado e escutar atentamente: a escola é uma escola da atenção. As sociedades sem escola não permitem adquirir esta qualidade da atenção (desenvolvem em contrapartida outras formas de atenção ), enquanto que as indústrias de programas da telecracia são, pelo contrário, o que a vem destruir, e com ela todas as formas de atenção social…”

Bernard Stiegler

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