terça-feira, 13 de outubro de 2015

Prof./Em 2005, Cavaco Silva jurava e trejurava que «pessoas inteligentes, com a mesma informação, chegam às mesmas conclusões», decretando assim, de uma penada, a morte da ideologia e da política na análise da sociedade portuguesa. A notícia desta morte era manifestamente exagerada

Em 2005, Cavaco Silva jurava e trejurava que «pessoas inteligentes, com a mesma informação, chegam às mesmas conclusões», decretando assim, de uma penada, a morte da ideologia e da política na análise da sociedade portuguesa. A notícia destas mortes era manifestamente exagerada, até porque a profissão de fé no grau zero da ideologia é a ideologia maior das sociedades tardo-capitalistas. E é por isso que não estranhamos o estilo cavácuo de Margaret Raymond, investigadora na Universidade de Stanford, nas suas declarações sobre o excesso de ideologia no sistema educativo português. “É a ideologia, estúpidos!” 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Prof./Depois do caminho de fogo - já extinto - sobeja um catedralício espaço vazio que é necessário ocupar. E como de catedral se trata, porque não recolhermo-nos aos mestres parisienses a que musicologia deu o nome de Escola de Notre-Dame. As polifonias parisienses sempre foram magnificentes a preencher espaços vazios e amanhã há mais.


A consumpção dos professores, o burnout, faz-se com muita lenha: os terrores da performance dos intermináveis relatórios, actas, avaliações e reuniões; alunos e pais hostis, para os quais a escola é território inimigo a conquistar e submeter; o alheamento pedagógico da gestão escolar, para a qual o cargo directivo é, não raras vezes, a deserção possível do campo de batalha das salas de aulas ou o ensejo derradeiro de carreira diversa; a emulação inter pares, obsidiada pelos terrores da avaliação docente, que é hoje uma ideologia poderosa e um mecanismo puramente gestionário.
Depois do caminho de fogo - já extinto - sobeja um catedralício espaço vazio que é necessário ocupar. E como de catedral se trata, porque não recolhermo-nos aos mestres parisienses a que musicologia deu o nome de Escola de Notre-Dame. As polifonias parisienses sempre foram magnificentes a preencher espaços vazios e amanhã há mais.

domingo, 11 de outubro de 2015

Atenção, amigos! Há por aí um furor togado no "tribunal do feicebuqui" que, num fósforo, investiga, faz prova e sanciona "o tipo de pecado que acabaram de inventar". Calma, pois se até o Tom Zé foi perdoado pelo papa Francisco...


Atenção, amigos! Há por aí um furor togado no "tribunal do feicebuqui" que, num fósforo, investiga, faz prova e sanciona "o tipo de pecado que acabaram de inventar". Calma, pois se até o Tom Zé foi perdoado pelo papa Francisco...

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Mas há um texto de Claudio Magris que nos fala da “irredimível dor dos animais, povo obscuro que acompanha a nossa existência”, e da “treva que se acumula em nós com a morte dos seres vivos de que nos nutrimos”. A prosa de Magris fulge com a evidência da estrada de Damasco paulina e ficamos momentaneamente cegos. Depois, depois vemos melhor.

De Singer, do Animal Liberation, até ao The Case For Animal Rights, de Tom Regan, passando por nomes como Gary Francione e Bernard Rollin, confirma-se a existência de uma ensaística filosófica pletórica sobre os direitos dos animais. Das críticas ao especismo e antropocentrismo, ao reconhecimento da senciência animal, passando pela aplicação aos direitos dos animais de tradições éticas reconhecíveis, há um argumentário estuante que, malgrado o activismo de associações de defesa de animais, e até de partidos políticos, permanece recluso na cidadela académica. Leio-o, releio-o, e olho para o amor solícito e incondicional das minhas sobrinhas, que transforma a casa dos avós em refúgio terminal de todos os párias não humanos. Se acaso não gostassem de animais, se acaso os maltratassem, nenhum dos sobreditos argumentos teria a força suasória para a indiferença se transmudar no seu cuidado e desvelo. Mas há um texto de Claudio Magris que nos fala da “irredimível dor dos animais, povo obscuro que acompanha a nossa existência”, e da “treva que se acumula em nós com a morte dos seres vivos de que nos nutrimos”. A prosa de Magris fulge com a evidência da estrada de Damasco paulina e ficamos momentaneamente cegos. Depois, depois vemos melhor.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Em 2003, a convite da revista The Atlantic Monthly, o filósofo Bernard-Henri Lévy refez a viagem de Alexis de Tocqueville na América, de que resultou o road book American Vertigo - inçado, aliás, dos estereótipos useiros e vezeiros: freaks, fatties, fanatics


Em 2003, a convite da revista The Atlantic Monthly, o filósofo Bernard-Henri Lévy refez a viagem de Alexis de Tocqueville na América, de que resultou o road book American Vertigo - inçado, aliás, dos estereótipos useiros e vezeiros: freaks, fatties, fanatics. Em Fort Worth Bernard-Henri Lévy visita um gun show e tem uma visão perturbadora: jovens, velhos, famílias, apreciam e compram armas variegadas, modernas e antigas.
Há alguns anos, algumas horas depois da tragédia de Newtown, o documentarista Michael Moore twittou: “Too soon to speak out about a gun-crazy nation? No, too late.” Não sabemos se Michael Moore voltou a twittar, mas na quinta-feira voltou a ser tarde.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Agora que os valores da Terceira República valem menos do que meio alqueire de moscambilha e o seu mais alto dignitário desistiu dela,


Agora que os valores da Terceira República valem menos do que meio alqueire de moscambilha e o seu mais alto dignitário desistiu dela, é tempo de voltar ao sangue à terra e ao altar. Mas só se for com o B. Fachada, em suite de vinte minutos "em ritmo de ginga lenta "ao piano e "planares de sintetizador".

Nacional Citacionismo/Alberto Pimenta, mestre da suspeita para noites de eleição


"A retórica dos políticos é fácil. Quando perdem agradecem aos que confiaram neles. Quando ganham, agradecem aos que confiaram neles. Nenhum agradece aos que mereciam: os que desconfiaram deles."

Alberto Pimenta - Deusas Ex Machina

sábado, 3 de outubro de 2015

Kant escreveu sobre as antinomias da razão pura, já o Reininho escreveu sobre as antinomias do irracional doméstico. A Filosofia Portuguesa sempre foi muito caseirinha.


Kant escreveu sobre as antinomias da razão pura, já o Reininho escreveu sobre as antinomias do irracional doméstico. A Filosofia Portuguesa sempre foi muito caseirinha.