terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Internacional Citacionismo ( Coimbra - Avenida Brasil)


«Quando finalmente a Universidade de Coimbra reabre as portas aos calouros depois do «saneamento» que se seguiu à Revolução dos Cravos, em Janeiro de 1976, assiste a algumas aulas caóticas com duzentos alunos em anfiteatros imensos – e mais uma vez vive o sentimento claustrofóbico de que tem de respirar em outra parte. Súbito, detesta Coimbra. De repente, parece que tudo ali lhe faz mal – a solidão brutal, principalmente. Está cansado de estrangeiros. Até o sotaque lusitano o irrita. Aquele conservadorismo pesado; aquelas mulheres de preto; aquela gosma da Idade Média. Os chavões da esquerda; os chavões da direita. Lá está ele, de novo solitário, metaforicamente com a mala na avenida Brasil, tomando o ônibus de volta.»

Cristovão Tezza, O Filho Eterno

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