quinta-feira, 3 de maio de 2012

libertas a miseria


A Jerónimo Martins sabe de análise sociológica tardo-capitalista. A crise do público e do comum e o aumento da importância da esfera privada levam à substituição paulatina dos direitos de cidadania pelo direito ao consumo e à substituição do interesse na participação política pela participação no consumo. Ainda que a política e a economia excluam, se o consumo simula a inclusão através do incremento de um denominado poder de compra, fáctico ou fictício, apaziguam-se os conflitos e as tensões sociais e instala-se a percepção de autonomia e liberdade (o desvario prestamista das últimas décadas criou esse simulacro de inclusão em que todos podiam comprar tudo) . 
 Mas a liberdade democrática, como diz Fernando Savater, não é só a ausência de coacção (libertas a coactione), é também a ausência de miséria ( libertas a miseria), e, por isso, é necessário perguntar: quantos são livres na fotografia acima reproduzida? Quantos serão na próxima promoção? 

Já agora, para se evitarem as escusas tontas dos que faltaram este ano às cerimónias oficiais do Dia da Liberdade, e se justificarem ausências com motivo de maior força no ano vindouro, sugiro à administração do Pingo Doce a data da próxima promoção: 25 de Abril de 2013.

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