quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Eric Hobsbawm 1917-2012




Em 1936 aderiu ao partido comunista inglês e, apesar da sua posição de dissidência e do derruir ideológico do comunismo histórico, foi um dos poucos eminentes intelectuais ingleses que conservou a sua militância, malgrado a repressões húngara e checoslovaca de 56 e 68. Nas suas memórias políticas “Tempos Interessantes – Uma Vida No Século XX”, e apesar de pretextar a incapacidade de reconstituir o estado de espírito da altura, Eric Hobsbawm explica o seu fideísmo obstinado por uma repugnância caracterial e uma razão biográfica. Em primeiro lugar, a ideia de se ver na companhia desses ex-comunistas que se transformam em anticomunistas fanáticos, que só se souberam libertar-se do serviço do “Deus falhado” recorrendo à sua demonização, era-lhe visceralmente aversiva. Em segundo lugar, o seu percurso político: para um jovem do centro europeu que chega ao comunismo em plena desagregação da República de Weimar e para quem a Revolução de Outubro era o principal ponto de referência do universo político, ser comunista era não só combater o fascismo, mas lutar por uma revolução mundial.
Em entrevista recente à revista Philosophie Magazine, Hobsbawm advoga que o fim da União Soviética libertou a doutrina marxista da associação com o marxismo-leninismo, e que o marxismo redivivo do século XXI será diferente do marxismo do século XX. Far-se-á o retorno a Marx, segundo Hobsbawn, porque ele percebeu o que escapava à teoria económica neoclássica: o crescimento capitalista implica a destruição do que o alimenta – as estruturas familiares e o ambiente. Nos últimos cinquenta anos, di-lo Hobsbawn, o capitalismo enfraqueceu as regras morais e sociais do viver-em-comum e expôs, inerme, o homem à economia.

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