Em 1936 aderiu ao partido
comunista inglês e, apesar da sua posição de dissidência e do derruir
ideológico do comunismo histórico, foi um dos poucos eminentes intelectuais ingleses
que conservou a sua militância, malgrado a repressões húngara e checoslovaca de
56 e 68. Nas suas memórias políticas “Tempos Interessantes – Uma Vida No Século
XX”, e apesar de pretextar a incapacidade de reconstituir o estado de
espírito da altura, Eric Hobsbawm explica o seu fideísmo obstinado por uma
repugnância caracterial e uma razão biográfica. Em primeiro lugar, a ideia de se ver na companhia desses
ex-comunistas que se transformam em anticomunistas fanáticos, que só se
souberam libertar-se do serviço do “Deus falhado” recorrendo à sua demonização,
era-lhe visceralmente aversiva. Em segundo lugar, o seu percurso político: para um
jovem do centro europeu que chega ao comunismo em plena desagregação da
República de Weimar e para quem a
Revolução de Outubro era o principal ponto de referência do universo político,
ser comunista era não só combater o
fascismo, mas lutar por uma revolução mundial.
Em entrevista recente à revista Philosophie
Magazine, Hobsbawm advoga que o fim da União Soviética libertou a doutrina
marxista da associação com o marxismo-leninismo, e que o marxismo redivivo do século
XXI será diferente do marxismo do século XX. Far-se-á o retorno a Marx, segundo
Hobsbawn, porque ele percebeu o que
escapava à teoria económica neoclássica: o crescimento capitalista implica a
destruição do que o alimenta – as estruturas familiares e o ambiente. Nos últimos
cinquenta anos, di-lo Hobsbawn, o capitalismo enfraqueceu as regras morais e
sociais do viver-em-comum e expôs, inerme,
o homem à economia.
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