Um não sabe a diferença
entre uma linha vertical e uma linha horizontal. A deslado, um outro tenteia a leitura
em ritmo muito abaixo do intervalo médio esperado para o seu nível de
escolaridade e omite, troca e aduz letras, em passinhar fonético extenuante. São
um sobejo de gente com dezasseis, dezassete anos, para o qual a escola é uma
prisão e o mau comportamento a rebelião possível, a evasão infrene (todos os
lugares podem ser prisões se não desejarmos lá estar, dizia Epicteto).
Daniel Pennac diria que
nunca descobrirão as bem-aventuranças da leitura, graças à qual o esforço devém
um prazer. Nunca lerão como acto de resistência, recusa e oposição. Nunca lerão
contra e não saberão resistir aos liames das contingências.
Quais? Todas, escreve Pennac:
- Sociais
- Profissionais
- Psicológicas;
- Afectivas;
- Climáticas;
- Familiares;
- Domésticas;
- Gregárias;
- Patológicas;
- Pecuniárias;
- Ideológicas;
- Culturais;
- Umbilicais.
Porque, como diz o
autor de Comme un Roman, a leitura bem-feita
salva de tudo, inclusive de nós próprios.
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