sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Deus é Humor



Em 2004, num debate entre o filósofo Jürgen Habermas e o Cardeal Ratzinger, o primeiro advogou que a compreensão da tolerância nas sociedades pluralistas reclama de crentes e não crentes o reconhecimento da persistência indefinida de um dissenso. Um dissenso, escrevemos nós, sem mútuas reverências, leis da blasfémia ou persignações dialécticas (que mesmo muitos liberais predicam e praticam), aberto ao exercício racional, ao humor, à eironeía socrática, e àquilo que, no Viver No Fim dos Tempos, Slavoj Žižek chama uma crítica desrespeitosa e não condescendente da religião (e, mutatis mutandis, da política), isto é, uma crítica desrespeitosa das suas pretensões de verdade e natureza sagrada.
Graças a Deus, todas; graças com Deus, nenhuma. Numa sociedade pluralista não há lugar para o rifão piedoso da minha avó Maria.

Sem comentários:

Enviar um comentário