No número de Fevereiro
da revista Philosophie, Michaël
Foessel, autor do Après La Fin Du Monde :
Critique De La Raison Apocalyptique, em diálogo com o prémio Goncourt 2012, Jérôme Ferrari, expende
algumas razões explicativas do milenarismo e catastrofismo contemporâneos. Para
além das razões que devêm da perda de influência do Ocidente nos planos económico,
político, ideológico - como se o fim de um
mundo em que o Ocidente é o Alfa e o Omega devesse coincidir com o fim do mundo – e das razões que relevam do
aquecimento global, do nuclear e da limitação dos recursos naturais – que transmudaram
a profecia religiosa do fim do mundo num prognóstico
racional -, Michaël Foessel refere também razões sociológicas. Glosando o Pierre
Bourdieu das Méditations Pascaliennes
– as desigualdades não são só sociais,
mas temporais e simbólicas -, Foessel afirma que a possibilidade de saber
como será o amanhã, isto é, de organizar e de planificar a sua vida a médio e a
longo prazo, está cada vez mais reservada às elites. Privados de prospectiva, os
desmunidos, os desempregados, os trabalhadores precários vivem num horizonte
temporal de meses, semanas, dias, e, incapazes de se projectarem no futuro,
consideram que toda a sociedade se encontra
à beira do abismo.
Na Inglaterra da década
de setenta o jovem Martin Amis escrevia everything
seemed ready for the terminal lurch e os Sex Pistols cantavam no future. Andamos a morrer há demasiado
tempo.
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