quinta-feira, 2 de maio de 2013

MEC



Tremendista, voltairiano e ferino no juízo, wildiano no diletantismo e na facécia, para desenfado da crítica musical do tempo, Miguel Esteves Cardoso cavilou em inúmeras crónicas sobre a futilidade cintilante da Pop e a sua efemeridade. Paradoxalmente, apesar da caducidade do seu objecto - a música Pop, arte popular das menos importantes - e do reconhecimento da insignificância do seu labor crítico, algumas das suas críticas em o Jornal e no Se7e são textos perenes a desafiarem a desmemória do texto jornalístico.
No Se7e de 29 de Janeiro de 1981, Miguel Esteves Cardoso começava um texto incensório sobre Vini Reilly e os Durutti Column citando Coleridge  -  os cisnes cantam antes de morrer – e não seria nada mau/Se certas pessoas morressem antes de cantar  -, e em verdade vos digo que o meu fideísmo MEC pode asseverar que nunca se escreveu uma crítica tão bela a Vini Reilly e os Durutti Column.
Miguel Esteves Cardoso está de volta com o livro de crónicas Como é Linda a Puta da Vida, mas a obra deixa-nos ougados. Em boa verdade, eu queria era ver o MEC a fazer crítica musical hebdomadariamente, e lê-lo, sei lá, talvez a citar Keats e Aristófanes numa crítica ao último dos Dirty Projectors.

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