De novo a repetição.
Amamo-la porque o futuro continua a acreditar em nós.
No 1984, Orwell analisa
com minúcia obsidiante uma língua de pau imaginária, a newspeak, que não era usada para significar coisa alguma, mas para, perlocutoriamente, obter um determinado efeito e anular todo o pensamento herético e heterodoxo.
Bourdieu escreveu sobre
as pessoas da sua geração que passaram sem dificuldade de um fatalismo marxista
a um fatalismo neoliberal. Em ambos os casos, refere Bourdieu, o economicismo
desresponsabiliza e desmobiliza, anulando o político, e impõe uma série de fins
indiscutidos: competitividade, produtividade, crescimento máximo, austeridade,
flexibilidade. Curiosos, segundo Bourdieu, são os jogos lexicais e duplos jogos
verbais da novilíngua desta geração – caso do termo reforma,
diria Bourdieu, caso do termo ajustamento,
diremos nós – que, segundo uma lógica que é a de todas as revoluções
conservadoras, apresentam uma restauração como se de uma revolução se tratasse.
Justamente, um ajuste de contas.
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