terça-feira, 5 de novembro de 2013

Crato, o Crasso

"O ministro da Educação defendeu segunda-feira em Ovar que, para ser dispensada mais austeridade no Orçamento do Estado para 2014 e ainda pagar a dívida total do Estado, todos os portugueses teriam que "trabalhar um ano sem comer".
 
Quando publicou o livro O Eduquês em Discurso Directo - Uma Crítica da Pedagogia Romântica e Construtivista, Nuno Crato era uma personagem empática que pontificava em entrevistas e opiniosos programas de televisão, polemizando abonde sobre o universo da educação e do sistema educativo, verberando a ausência de exames e de avaliação externa das escolas, zurzindo no facilitismo generalizado - induzido, segundo Crato, pelos excessos ideológicos das pedagogias românticas e construtivistas reinantes. Ao tempo, acolitava ao tremendismo Fulfilled Prophecy de Medina Carreira, mas mantinha o perfil compósito de um técnico, embora com a vocação pronto-a-pensar de um doxólogo. Mas Crato mudou e transfigurou-se no ideólogo zelota do governo, quis implodir o ministério da educação, e é agora o responsável pela comissão liquidatária da escola pública e o autor material de alguns petardos retóricos que desdoiram a reputação rigorista de um ministro empático, catedrático, matemático. Ai desdoiram, desdoiram!

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