Parlamento
Europeu investiga violações da troika
Como é sabido, as
fábulas de Esopo acabavam invariavelmente com uma tirada moral, o Epimítio,
introduzida sempre pela expressão a
fábula ensina, a estória mostra (ho mythos deloí), cujo intento era definir um módico de sageza moral, formular e empírica.
Na fábula narrada sobre
a crise, contada com amenidade e graça, os caracteres
são os meridionais, esse gentio prenhe de aleijões morais e cívicos,
descrito graciosamente por Susan Sontag no Amante
do Vulcão como gente que trabalha o
menos possível, preferindo dançar, beber, querelar, matar as mulheres infiéis;
gente indolente e dócil, ignorante,
supersticiosa, desinibida, nunca pontual, visivelmente mais pobre (como não
poderia deixar de ser, dizem os do norte), que, segundo Sontag, apesar de
tudo, levam vidas invejáveis -
ou antes, invejadas pelos
setentrionais, sacrificados do trabalho, sensualmente inibidos e com governos
menos corruptos.
Ho mythos deloí, a fábula ensinava, é
claro, que, à semelhança da rã que se quis igualar ao boi e acabou por
rebentar, a crise era o resultado das vidas invejáveis que levávamos e das quais
teríamos inexoravelmente de abdicar. Foi o que fizemos e, asinha, asinha,
voltámos ao charco. Mas a fábula pode estar mal contada e a
moral da estória pode ser outra, quiçá imoral.
Sem comentários:
Enviar um comentário