Há um par de anos,
perguntaram ao filósofo Paul Virilio o que faria se fosse presidente da
república. Criaria um ministério do tempo, respondeu: do tempo que passa, horológico;
do tempo em que se faz, próprio da duração das actividades humanas; do tempo
que faz, isto é, do clima.
Segundo Virilio, até hoje a política ocupou-se
sobretudo do espaço, da organização dos territórios, dos traçados das
fronteiras. A política foi sobretudo geopolítica. Ora, dizia-nos Virilio, o
aquecimento climático e a aceleração da história – que leva os governos a
reagir em tempo real, dando a impressão de agitação e impotência e fazendo
entrar a nossa civilização numa fase de obsolescência e senilidade – deveriam
compelir-nos a pensar em termos de cronopolítica e de meteopolítica. Ora, tudo
isto nada tem a ver com o ministro que resolveu colocar
na sede do seu partido um relógio que conta de forma decrescente o tempo que
falta até a troika se ir oficialmente embora, e que é, pois claro, mais da
ordem do ciceroniano o tempora o mores.
Raios, isto é quase o post do ano (o melhor, contudo, é o geopoema do Galopim de Carvalho :)
ResponderEliminarp.s. - 6695242 1302 (donde concluo que não sou um robot)
Também por aqui, alexandra g.? :)
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