sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Prof./Outra vida, amigo, outra vida! Nesta derrancas-me o sangue, gastas o baguinho a teu pai e ficas burro como dantes I

Os topoi do discurso autopunitivo dos professores é extenso e consabido: à turma de malandrins ranhosos indisciplinável, que acha que todos os lugares são prisões se lá não desejamos estar, não é imputável o caos da aula, mas sim a mim, e ai de mim, professor inepto, que não domino a arte de amestrar bestiagas; à turma de malandrins ronhosos, aos quais até um parágrafozinho de letra cursiva enfada, não é imputável a incuriosidade, mas sim a mim, e ai de mim, professor inábil, que os não sabe motivar.
Ora, meus amigos, em verdade vos digo: há dias em que não podendo despedi-los com o remoque terminativo do padre Serrão do Aquilino - Outra vida, amigo, outra vida! Nesta derrancas-me o sangue, gastas o baguinho a teu pai e ficas burro como dantes –, sinto-me como um Cristo apócrifo perante o paralítico a gritar: levanta-te e anda! Levanta-te e anda!

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