Esta notícia não nos dá
conta do acaso, resultado da conjunção de diferentes séries causais num evento
infausto – é signo da devastação que assola o país. Foucault ensinou-nos que o corpo é uma realidade biopolítica, a
medicina é uma estratégia biopolítica, e que o poder já não é o poder de fazer morrer e deixar viver, mas sim,
conversamente, o poder de fazer viver e
deixar morrer. E se nos aturdem notícias como esta, é porque andamos
distraídos: enquanto o ministro Paulo Macedo se devota a uma sage ataraxia e imperturbabilidade, há
urgências que parecem hospitais de campanha, faltam médicos, enfermeiros,
material, toalhas, pijamas, e aos meios terapêuticos e auxiliares de diagnóstico
é aplicado um estrito racionamento ou, em versão mais edulcorada porque a puta
da razão é de quem lhe assobia, racionalização.
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