terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Releio em Agustina que buscamos viver uma ideia de nós próprios, e esta frase tem o laconismo enigmático de um aforismo de Nietzsche e a miríade de pixels do rosto de Sócrates na televisão. Releio John dos Passos, que queria Paris de um trago como uma ostra, e aqui está a forma mentis, e aí está o rosto a ficar mais nítido e concreto

Perguntado por que razão nunca se tinha aventurado na ficção, Eduardo Lourenço respondeu, cito de memória, que lhe faltava o sentido do concreto que a literatura acolhe. Roth, relembro agora, contrapunha antiteticamente a Literatura, essa grande particularizadora, à generalizadora Política. Mas a literatura também é capaz do universal concreto, do aparte narrativo que interpreta um tropismo cultural, da personagem que revela uma forma mentis intersubjectiva. Releio em Agustina que buscamos viver uma ideia de nós próprios, e esta frase tem o laconismo enigmático de um aforismo de Nietzsche e a miríade de pixels do rosto de Sócrates na televisão. Releio John dos Passos, que queria Paris de um trago como uma ostra, e aqui está a forma mentis, e aí está o rosto a ficar mais nítido e concreto.

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