quarta-feira, 3 de março de 2010

TIC, TAC, TIC, TAC, TIC, TAC...

Imagem retirada de http://xkcd.com/103/ com agradecimento ao Carlos Pires


Pum! Explodiu, súbita, a retórica das T.I.Cs. Não sabem o que é? Sabem mas estão fartos de acrónimos ininteligíveis? Acham que nas escolas e no ministério da educação se fala um dialecto tribal? Em verdade vos digo que não há visão salvífica da educação em Portugal que as não contemple, não há demagogo/pedagogo que não faça a sua apologia, não há discurso redentor de ministro que não fale delas, não há lei de bases em que não seja o mote, não há projecto educativo que não glose o mote. Em França, o acrónimo é mais extenso - N.T.I.C - e suscitou as reacções habituais:o infognosticismo crédulo, também habitual, de quem julga ter encontrado o antídoto para a ignorância generalizada dos alunos e para decénios de orientações educativas erradas; o cepticismo prudente, mais pontual, de quem compreende o poder encantatório das TI.Cs mas, previdentemente, desconfia da omnipotência das suas virtudes pedagógicas.
Jean-Marc Lévy-Leblond, fisico e epistemólogo francês, homem avisado, muito distante do intelectual pronto-a-pensar, considera que o desafio das TI.Cs nas escolas não é tanto e só o da formação técnica (como fazer?), mas sim o domínio dos seus usos sociais(para quê fazer?). Assim, por exemplo, explorar a Internet na aula seria também uma excelente oportunidade para a desmistificar, mostrando que nela não se encontram as maravilhas anunciadas e a solução dos problemas do acesso ao trabalho e à cultura.Mais recentemente, Umberto Eco,filósofo e homem atento aos sinais, veio dizer-nos que a conjugação compulsiva do verbo googlar está a imbecilizar meteoricamente os adolescentes; só que o étimo baculus (bastão), do qual deriva a palavra imbecil, já não é o instrumento de ajuda à mobilidade do bambo de perna ou mole de miolo, mas é sim o rato que aponta o cursor à infoesfera. Quase sempre ao vácuo e à vacuidade.

1 comentário:

  1. Mostra-se um site ou dois e mostra-se como o que lá está é superficial e insuficiente. Et voilá! Está desmistificado!
    Na verdade, é bastante mais complicado que isso.
    Mas é assim em qualquer outro problema: por exemplo, por muito que se explique os malefícios das fast food os jovens (e muitos menos jovens) continuam a consumi-la.

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