sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Davos: Self Help Party


Embora este ano haja poucas referências a Portugal na lista oficial de participantes do Fórum Económico Mundial, várias personalidades da vida política e económica nacional já passaram pela famosa estância de esqui nos últimos anos. É o caso de ex-ministros como Durão Barroso, António Guterres, Mira Amaral e Pina Moura ou empresários como Henrique Granadeiro, Belmiro de Azevedo ou Jorge Armindo. Em Davos, aproveitaram para actualizar conhecimentos, arejar a mente, confrontar estratégias e trocar cartões de visita.

Público online 26/01/2011


Num editorial publicado esta semana no Financial Times, a jornalista Gillian Tett escreveu, mofina, que o Forum Económico de Davos está paulatinamente a transfigurar-se naquilo que, afinal, sempre foi: um clube restrito de self help.
Engana-se quem pensa que a globalização é um processo autotélico gerado por um capitalismo desregulamentado de comércio e mercados livres. Como escreveu Antonio Negri no livro Multidão – Guerra e Democracia na Era do Império, basta uma breve visita às neves de Davos para pormos de parte “esta ideia de desregulação do capitalismo, pois podemos aí ver claramente a necessidade que os dirigentes das maiores companhias têm de negociar e cooperar com os líderes políticos dos estados-nação dominantes e com os burocratas das instituições económicas supranacionais.”
Diz-nos também Negri que a grande lição de Davos é uma lição antiga: não há mercado económico sem ordem e regulação políticas, e aqueles que "advogam a libertação dos mercados ou do comércio do controlo do estado não reclamam, na realidade, menos controlo político, mas simplesmente uma espécie diferente de controlo político". É também curioso observar como as elites empresariais, burocráticas e políticas que se reunem em Davos para haurir o ar fresco da montanha não necessitam de apresentações recíprocas, pois “os investigadores das estruturas institucionais das empresas e dos serviços do Estado observaram como umas e outras se desenvolveram paralelamente ao longo de todo o século XX, ao mesmo tempo que as empresas se inseriam cada vez mais solidamente nas instituições públicas". Não é pois de admirar, continua Negri, que “os mesmos poucos indivíduos transitem tantas vezes e com tão pouco esforço dos gabinetes governamentais mais importantes para as salas dos conselhos de administração das empresas ou vice-versa, no decurso da sua carreira”.

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