segunda-feira, 27 de junho de 2011

Álvaro, Oxford e a Teoria dos Nomes Próprios


De visita a uma feira, Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia, Emprego e Obras Públicas, reagiu ao tratamento protocolar de Senhor Ministro. Contou um episódio passado em Oxford, onde os professores se tratam por Bill e Eddie, afirmando querer ser tratado simplesmente por Álvaro. Marcelo Rebelo de Sousa não deixou passar a oportunidade para (com razão) ironizar: Imagino o motorista: Álvaro, vamos para o ministério ou bebemos um café?

Da Literatura



À Luz de uma certa filosofia da linguagem, os nomes são considerados designadores rígidos, isto é, a sua intensão é constante através da miríade de mundos possíveis, de modo que o Álvaro ministro da economia é também o Álvaro autor de um Diário de um Deus criacionista, e não deixa de ser por isso, ainda, o Álvaro oxoniano que tuteia os professores Bill e Eddie.
Ora, eu sempre tive uma reverência pia pela grave e excelsa Oxford e pelas vias apias pelas quais se lhe acede - Blood, Beauty and Brains - , mas eis senão quando, ex abrupto, uma noite insone e o Todas as Almas de Javier Marías me explicaram o desejo de informalidade do Álvaro e a tradição oxoniana do nome próprio.
A propósito da tradição das High Tables – uma espécie de symposium com maior variedade de alcoóis e na qual os fellows, nas noites mais formais, usam dinner jackets e academic gowns - , escreve Javier Marías:

No princípio são também muito formais, mas a sua longuíssima duração possibilita a aparição e desenvolvimento de uma grave deterioração dos modos, vocábulos, dicção, fluidez expositiva, compostura, sobriedade, atavios, comedimento e comportamento geral dos comensais, que costumam ser uns vinte.

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