segunda-feira, 11 de julho de 2011

Moody`s, Merton, Popper e a Self-Fulfilling Prophecy


MOODY`S ACHA QUE PORTUGAL VAI FALHAR TODAS AS PREVISÕES

As medidas de austeridade podem travar o crescimento nos próximos seis a oito anos, avisou ontem a Moody's. Neste cenário, Portugal não fica nada bem, e o relatório da agência refere que o nosso país deverá falhar as metas de défice e dívida definidas pelo Governo.

Jornal de Notícias 2010-08-24


O problema das profecias é dependerem do futuro e não do arbítrio do profeta. Algumas, porém, também dependem de si próprias, possuindo um dinamismo autotélico que impele à sua realização. É o caso da self-fulfilling prophecy na qual o acto de veridicção (dizer a verdade) é também o acto verifuncional de a fazer.
Em 1968 o sociólogo Robert K. Merton cunhou a expressão "self-fulfilling prophecy” e apresentou o exemplo ficcionado de um Banco sobre o qual se augura a bancarrota. Durante o dia os depositantes acorrem com medo pânico aos balcões e, no fim da tarde, o banco caiu na insolvência.
Escreve Merton:

As definições públicas de uma situação (profecias ou predições) tornam-se uma parte integrante dessa situação, afectando por isso os desenvolvimentos subsequentes. Isto é uma peculiaridade dos assuntos humanos. Não se encontra no mundo natural, intocado pelas mãos humanas. As predições sobre o regresso do cometa Halley não influenciam a sua órbita.

Também Popper, no The Poverty of Historicism, distinguiu as predições das ciências naturais – em que a previsão não influi no previsto - das predições das ciências humanas – em que a previsão influi claramente no previsto - , designando este autor a self-fulfilling prophecy como o Efeito Édipo, porque o oráculo desempenhou um papel fundamental na sequência de acontecimentos que realizaram a profecia.
O problema das profecias é dependerem do presente e do arbítrio do profeta, e por isso em verdade vos digo: estamos lixados!

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