domingo, 6 de novembro de 2011

Senhor, porque tens dado tão grandes sinais da tua inexistência?


Conta-se que Bertrand Russell, céptico contumaz, perguntado num colóquio sobre o que diria se, presuntivamente, depois de entregar a alma ao criador, o encontrasse, terá respondido: "Senhor, porque tens dado tão poucos sinais da tua existência?"
É comummente aceite que, malgrado as intermitências de conflitos e conluios, fé e razão, ciência e religião, não são magisteria sobreponíveis, reservando-se cada uma as singularidades irredutíveis que garantam a sua autonomia. Mas em bom rigor, com o dealbar da ciência moderna, a compreensão religiosa do mundo e do cosmos começou a habitar, acossadamente, uma pequena cidadela, sitiada de sorrate pela hiperpotência explicativa do discurso científico.
Michael Scriven advogou que "se falharem os argumentos a favor da existência de Deus, então a única posição racional não é simplesmente não acreditar em Deus; é o ateísmo, a crença de que não existe qualquer Deus". Alvin Plantiga, insurgiu-se contra o “imperialismo intelectual” desta posição, retorquindo que, mutatis mutandis, se falhassem os argumentos a favor da ideia de que Deus não existe, então supor-se-ia racional aceitar a sua existência. A solução avisada parecia ser quedarmo-nos numa estrita simetria probatória quanto à existência ou inexistência de Deus. Mas o Novo Ateísmo não está pelos ajustes. Se O encontrassem, Hitchens, Dawkins, Dennett, Harris, Stenger, perguntar-lhe-iam: Senhor, porque tens dado tão grandes sinais da tua inexistência?

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