quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Labor perpétuo

Toni Negri cunhou o conceito trabalho cognitivo para se referir às transformações do trabalho numa rede em que os elementos fundamentais relevam, essencialmente, da proficiência do conhecimento e da capacidade de organizar a cooperação, permitindo pensar o homo laborans fora da relação binária "trabalho/objecto criado" e reflectir sobre a lógica dos seus efeitos. Por um lado, a hegemonia do trabalho cognitivo implica uma mobilidade e flexibilidade generalizadas; por outro, a sua progressiva imaterialização abriu uma brecha que ameaça tudo sobrelevar. As fronteiras entre a casa e o trabalho, a domesticidade e a empresa são difíceis de estabelecer, e a vida devém aquilo que fazemos trabalhar numa gigantesca rede de labor perpétuo - labor perpétuo a que somos instados pelo mail recebido no fim-de-semana, o labor perpétuo do computador, do tele-trabalho e da compulsão ergomaníaca dos smartphones e dos dispositivos ergonómicos da omnipresença do trabalho que, opressivamente, frustram a possibilidade de evasão.

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