segunda-feira, 5 de março de 2012

O que é um professor?



Por mais que transformem os professores num híbrido eduquesmente modificado em psicopedagogo, tecnopedagogo, manga-de-alpaca, zelota da assiduidade discente, animopedagogo, ama-seca, um professor é um professor, um professor, um professor… isto é, alguém que estuda e ensina. Nos últimos anos, a burocratização da profissão docente, a sobrecarga horária e a vulgata das esotéricas ciências comummente conhecidas como Ciências da Educação, fizeram esquecer que um professor é um estudante que ensina outros estudantes, e que o mais eficaz instrumento pedagógico é uma sólida preparação científica, haurida em muitas horas de estudo e reflexão. Desgraçadamente nada disto parece importar, e o arremedo de avaliação e formação docentes nas escolas, que menorizam a valia da proficiência científica (dos avaliandos, dos avaliadores, dos formandos e dos formadores), parecem provar e fazer jus ao "quem sabe faz, quem não sabe ensina” de Bernard Shaw.
Por decoro, não perguntem aos professores quantos livros lêem por mês ou qual é, genericamente, o state of the art da sua área de docência. É muito provável que não tenham lido nenhum e citem bastamente trivialidades em psicopegagogês, a novilíngua da escola que não estuda, não lê e não pensa.
Relembrando que um professor é um professor, um professor, um professor…, isto é, alguém que estuda e ensina, o filósofo José Gil, um dos 25 pensadores da actualidade segundo a Nouvel Observateur, escreveu hoje no Público: “… se não se souber o número de horas e a qualidade do tempo de que um docente precisa para preparar as lições podemos criar uma carga horária deprimente e esmagadora. E nunca obter uma docência de excelência. Para preparar as aulas os professores têm de ter uma vida própria – e já não têm. Têm cada vez menos férias, cada vez menos tempo para ser pessoas. Uma das questões que coloco é se os responsáveis políticos se dão conta da especificidade da profissão docente.”

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