Por mais que transformem os
professores num híbrido eduquesmente modificado em psicopedagogo, tecnopedagogo,
manga-de-alpaca, zelota da assiduidade discente, animopedagogo, ama-seca, um professor é um professor, um professor, um professor…
isto é, alguém que estuda e ensina. Nos últimos anos, a burocratização da
profissão docente, a sobrecarga horária e a vulgata das esotéricas ciências comummente conhecidas como Ciências da Educação, fizeram esquecer que um professor é um
estudante que ensina outros estudantes, e que o mais eficaz instrumento
pedagógico é uma sólida preparação científica, haurida em muitas horas de
estudo e reflexão. Desgraçadamente nada disto parece importar, e o arremedo de
avaliação e formação docentes nas escolas, que menorizam a
valia da proficiência científica (dos avaliandos, dos avaliadores, dos
formandos e dos formadores), parecem provar e fazer jus ao "quem sabe faz,
quem não sabe ensina” de Bernard Shaw.
Por decoro, não perguntem aos
professores quantos livros lêem por mês ou qual é, genericamente, o state of the art da sua área de docência. É muito provável que não tenham lido nenhum e
citem bastamente trivialidades em psicopegagogês, a novilíngua da escola que
não estuda, não lê e não pensa.
Relembrando que um professor é um
professor, um professor, um professor…, isto é, alguém que estuda e ensina, o
filósofo José Gil, um dos 25 pensadores da actualidade segundo a Nouvel
Observateur, escreveu hoje no Público: “… se não se souber o número de horas e
a qualidade do tempo de que um docente precisa para preparar as lições podemos
criar uma carga horária deprimente e esmagadora. E nunca obter uma docência de
excelência. Para preparar as aulas os professores têm de ter uma vida própria –
e já não têm. Têm cada vez menos férias, cada vez menos tempo para ser pessoas.
Uma das questões que coloco é se os responsáveis políticos se dão conta da
especificidade da profissão docente.”
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