Todas as gerações, desde esses
idos de 60, tiveram os seus sinais exteriores de revolta. Foram os cabelos
compridos, as drogas, as calças à boca-de-sino, as barbas à Fidel Castro, os
posters de Che Guevara colados na parede do quarto.
Ora a exposição da homossexualidade
é hoje uma delas. E a opção gay é uma forma de negação radical: porque rejeita
a relação homem-mulher, ou seja, o acto que assegura a reprodução da espécie.
Nas relações homossexuais há um niilismo assumido, uma ausência de utilidade,
uma recusa do futuro. Impera a ideia de que tudo se consome numa geração – e
que o amanhã não existe. De resto, o uso de roupas pretas, a fuga da cor, vão
no mesmo sentido em direcção ao nada.
José António Saraiva - Jornal Sol
Nietzsche definiu o drama do homem nihilista, do homem que do mundo tal qual é julga que não deveria ser, e do mundo tal qual deveria ser julga que não existe. É o drama de José António Saraiva, um nihilista da dissolução dos valores, reactivo e passivo, a afundar-se no crepúsculo do ressentimento, em direcção ao nada.
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