No livro Da Tragédia à Farsa, Žižek escreve sobre a
competição ideológica «discursiva» em relação à crise de 2008, usando o exemplo da
Alemanha nos começos da década de 30.
Através de insidioso efeito de convicção, Hitler impôs a narrativa da conspiração
judaica para explicar a crise da República de Weimar, definindo nesse mesmo
movimento discursivo a via optimal da sua superação.
As narrativas em competição «discursiva» sobre as causas e soluções da actual crise têm também os seus lugares retóricos antinómicos: dívida versus desregulação financeira, austeridade versus crescimento económico. Nenhuma das narrativas parece ser falsificável pelos factos e indicadores económico-financeiros, mas quando os dados parecem infirmar uma delas, um ajuste discursivo salva o núcleo central dessa narrativa.
As narrativas em competição «discursiva» sobre as causas e soluções da actual crise têm também os seus lugares retóricos antinómicos: dívida versus desregulação financeira, austeridade versus crescimento económico. Nenhuma das narrativas parece ser falsificável pelos factos e indicadores económico-financeiros, mas quando os dados parecem infirmar uma delas, um ajuste discursivo salva o núcleo central dessa narrativa.
Depois de dois anos
de medidas de austeridade prescritas e aplicadas à Grécia, com os resultados políticos e económicos
catastróficos consabidos, o que dizem os liberais para salvarem a sua
narrativa. Explica Žižek: acusam de todas as falhas os compromissos dos encarregados
de as aplicar (teria continuado a haver excessiva intervenção estatal, etc.) e
reclamam nada menos do que uma adopção ainda mais radical da doutrina.
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