quarta-feira, 16 de maio de 2012

Grécia - Da Tragédia à Farsa




No livro Da Tragédia à FarsaŽižek escreve sobre a competição ideológica «discursiva» em relação à crise de 2008, usando o exemplo da Alemanha  nos começos da década de 30. Através de insidioso efeito de convicção, Hitler impôs a narrativa da conspiração judaica para explicar a crise da República de Weimar, definindo nesse mesmo movimento discursivo a via optimal da sua superação.
As narrativas em competição «discursiva» sobre as causas e soluções da actual crise têm também os seus lugares retóricos antinómicos: dívida versus desregulação financeira, austeridade versus crescimento económico. Nenhuma das narrativas parece ser falsificável  pelos factos e indicadores económico-financeiros, mas quando os dados parecem infirmar uma delas, um ajuste discursivo salva o núcleo central dessa narrativa.
 Depois de dois anos de medidas de austeridade prescritas e aplicadas à Grécia,  com os resultados políticos e económicos catastróficos consabidos, o que dizem os liberais para salvarem a sua narrativa.    Explica Žižek: acusam de todas as falhas os compromissos dos encarregados de as aplicar (teria continuado a haver excessiva intervenção estatal, etc.) e reclamam nada menos do que uma adopção ainda mais radical da doutrina.

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