Como um vade mecum literário para ler o mundo dos homens quando os não percebo, guardo dezenas de citações manuscritas dos romances de Agustina. Leio-as sempre com o espanto
renovado de quem vê eclodir um ovo, isto é, a aparição de uma sabedoria natural
primigénita. Sem a paciência do conceito ou a motilidade do argumento, os livros
de Agustina estão pejados da sabedoria do concreto a que só a literatura acede,
sem academia ou sistema.
Um dia uma mulher, talvez extasiada pela sageza sibilina de Agustina em alguma entrevista televisiva, abordou-a na
rua e disse-lhe que gostava tanto dela que um dia ainda lia um livro seu. Se o
leu, tornou-se mais sabedora, porque, glosando uma dessas citações, o
que Agustina sabe dá para arrasar montanhas.
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