Felicidade,
s.f.
A agradável sensação provocada pela contemplação da miséria alheia, segundo
Bierce, ou da Gloria Dei, segundo o Doutor Angélico; A acreditar em Santo
Agostinho, todos os homens querem ser felizes (beatos esse omnes homines velle, De Civitate Dei 10.1.1), o que
explica a impossibilidade de todos o podermos ser, mas não explica as elevadas
taxas de nupcialidade; lapso fruste de alheamento mental, no qual nos
esquecemos do fisco, dos compromissos maritais e da beatitude eterna; estado
patético daquele que crê ser tudo o que não é, ter tudo o que não tem; sumo bem
imaterial, bem para além das minhas posses; para Stuart Mill o máximo prazer
para o maior número possível de seres humanos, o que soa bem mas é difícil de
calcular.
quarta-feira, 20 de março de 2013
terça-feira, 19 de março de 2013
Diário dos Perplexos/ Argument From Design
Depois da teodiceia ininteligível
do Diário de um Deus Criacionista, de
Álvaro Santos Pereira, outrora docente de economia na Universidade de York
(volta Álvaro, estás perdoado!) e ministro vigente do ministério de uma
ciência do impreciso, a economia, eis outro ministro a parodiar o argument from design - Victor Gaspar. O Intelligent
Design é ciência da treta, já o Mentecapt
Design…
domingo, 10 de março de 2013
Prof.
Um artigo do filósofo José Gil
na Visão. Pensar, também, sobre a
aniquilação e devastação que assola a Escola e os professores. Alguns, os poucos
que ainda lêem e estudam, lê-lo-ão imersos nos terrores da performatividade - relatórios atrás de relatórios, actas
atrás de actas, justificações atrás de justificações, avaliações atrás de
avaliações, evidências atrás de evidências – e espantar-se-ão com a fereza
da palavra massacre. Mas já sabíamos: a escola é um agente de depressão maciça.
O poder destrói o
presente individual e coletivo de duas maneiras: sobrecarregando o sujeito de
trabalho, de tarefas inadiáveis, preenchendo totalmente o tempo diário com
obrigações laborais; ou retirando-lhe todo o trabalho, a capacidade de
iniciativa, a possibilidade de investir, empreender, criar. Esmagando-o com
horários de trabalho sobre-humanos ou reduzindo a zero o seu trabalho.
O Governo utiliza as
duas maneiras com a sua política de austeridade obsessiva: por exemplo, mata os
professores com horas suplementares, imperativos burocráticos excessivos e
incessantes: stresse, depressões, patologias borderline enchem os gabinetes dos
psiquiatras que os acolhem. É o massacre dos professores. Em exemplo contrário,
com os aumentos de impostos, do desemprego, das falências, a política do
Governo rouba o presente de trabalho (e de vida) aos portugueses (sobretudo
jovens).
José Gil,
Visão
quarta-feira, 6 de março de 2013
Sex Files/ O Negro Eros
No High Fidelity, Nick
Hornby coloca Bob Flemming, personagem com uma vida tumultuada pelo ordálio do
sexo e do desejo, a idear as seguintes perguntas para fazer ao pai: Pai, alguma vez tiveste de te preocupar com
o orgasmo feminino tanto na sua forma clitoriana ou na sua (possivelmente
mítica) forma vaginal? Sabes verdadeiramente o que é o orgasmo? E o ponto G? O
que é que significava “ser bom na cama” em 1955, se é que significava alguma
coisa? Quando é que o sexo oral foi importado para a Grã-Bretanha? Tens inveja
da minha vida sexual, ou parece-te tudo uma carga de trabalhos? Alguma vez te
preocupaste com o tempo que te aguentavas, ou não pensavas nesse tipo de coisas
na altura? Não estás contente por nunca teres tido de comprar livros de comida
vegetariana como primeiro passo para saltar para cima de alguém? Não estás
contente por nunca teres precisado de ouvir “Tu podes ser óptimo, mas limpas a
sanita?”
A crer em Platão,
chegado aos oitenta Sófocles regozijou-se por se ter quitado da servidão raivosa e selvagem ao negro Eros. Depois
tornou-se senhor de si e morreu.
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