Um artigo do filósofo José Gil
na Visão. Pensar, também, sobre a
aniquilação e devastação que assola a Escola e os professores. Alguns, os poucos
que ainda lêem e estudam, lê-lo-ão imersos nos terrores da performatividade - relatórios atrás de relatórios, actas
atrás de actas, justificações atrás de justificações, avaliações atrás de
avaliações, evidências atrás de evidências – e espantar-se-ão com a fereza
da palavra massacre. Mas já sabíamos: a escola é um agente de depressão maciça.
O poder destrói o
presente individual e coletivo de duas maneiras: sobrecarregando o sujeito de
trabalho, de tarefas inadiáveis, preenchendo totalmente o tempo diário com
obrigações laborais; ou retirando-lhe todo o trabalho, a capacidade de
iniciativa, a possibilidade de investir, empreender, criar. Esmagando-o com
horários de trabalho sobre-humanos ou reduzindo a zero o seu trabalho.
O Governo utiliza as
duas maneiras com a sua política de austeridade obsessiva: por exemplo, mata os
professores com horas suplementares, imperativos burocráticos excessivos e
incessantes: stresse, depressões, patologias borderline enchem os gabinetes dos
psiquiatras que os acolhem. É o massacre dos professores. Em exemplo contrário,
com os aumentos de impostos, do desemprego, das falências, a política do
Governo rouba o presente de trabalho (e de vida) aos portugueses (sobretudo
jovens).
José Gil,
Visão
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