Há um par de anos, a
New York Review of Books asseverava que 43% dos compradores habituais de livros
nas livrarias francesas se deixam tentar pelo seu odor, e a CaféScribe, editora
online, passava a distribuir uma tira de papel com cheiro a livro, que se pode colar ao e-book enquanto se lê
um texto digital. Os livros são objectos transcendentes, mas, sim, di-lo Caetano
Veloso, também podemos amá-los com o amor
táctil que devotamos aos maços de cigarros. E por falar da coisa sensorial
que é o livro, relembro as bibliotecas da faculdade, o gesto lúbrico e grácil das minhas colegas levando
o dedo médio à comissura dos lábios, humedecendo-o com a turgidez tépida da
ponta da língua e, cariciosas, folheando, folheando com desvelo digital. Desengane-se, pois,
quem pense que a leitura é coisa exclusiva do olho e do espírito.
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