quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Livros e pontas da língua

Há um par de anos, a New York Review of Books asseverava que 43% dos compradores habituais de livros nas livrarias francesas se deixam tentar pelo seu odor, e a CaféScribe, editora online, passava a distribuir uma tira de papel com cheiro a livro, que se pode colar ao e-book enquanto se lê um texto digital. Os livros são objectos transcendentes, mas, sim, di-lo Caetano Veloso, também podemos amá-los com o amor táctil que devotamos aos maços de cigarros. E por falar da coisa sensorial que é o livro, relembro as bibliotecas da faculdade, o gesto lúbrico e grácil das minhas colegas levando o dedo médio à comissura dos lábios, humedecendo-o com a turgidez tépida da ponta da língua e, cariciosas, folheando, folheando com desvelo digital. Desengane-se, pois, quem pense que a leitura é coisa exclusiva do olho e do espírito.  

Sem comentários:

Enviar um comentário