Agustina faz hoje 91
anos. Reescrever o que se escreveu há um ano. Porque sim. Porque, para glosar uma
sageza hodierna, gostamos da repetição. É
como se o futuro acreditasse em nós.
Como um vade mecum literário para ler o mundo
dos homens quando os não percebo, guardo dezenas de citações manuscritas dos
romances de Agustina. Leio-as sempre com o espanto renovado de quem vê eclodir
um ovo, isto é, a aparição de uma sabedoria natural primigénita. Sem a
paciência do conceito ou a motilidade do argumento, os livros de Agustina estão
pejados da sabedoria do concreto a que só a literatura acede, sem academia ou
sistema.
Um dia uma mulher,
talvez extasiada pela sageza sibilina de Agustina em alguma entrevista
televisiva, abordou-a na rua e disse-lhe que gostava tanto dela que um dia
ainda lia um livro seu. Se o leu, tornou-se mais sabedora, porque, glosando uma
dessas citações, o que Agustina sabe dá para arrasar montanhas.
Sem comentários:
Enviar um comentário