terça-feira, 15 de outubro de 2013

O que Agustina sabe dá para arrasar montanhas


Agustina faz hoje 91 anos. Reescrever o que se escreveu há um ano. Porque sim. Porque, para glosar uma sageza hodierna, gostamos da repetição. É como se o futuro acreditasse em nós.

Como um vade mecum literário para ler o mundo dos homens quando os não percebo, guardo dezenas de citações manuscritas dos romances de Agustina. Leio-as sempre com o espanto renovado de quem vê eclodir um ovo, isto é, a aparição de uma sabedoria natural primigénita. Sem a paciência do conceito ou a motilidade do argumento, os livros de Agustina estão pejados da sabedoria do concreto a que só a literatura acede, sem academia ou sistema.
Um dia uma mulher, talvez extasiada pela sageza sibilina de Agustina em alguma entrevista televisiva, abordou-a na rua e disse-lhe que gostava tanto dela que um dia ainda lia um livro seu. Se o leu, tornou-se mais sabedora, porque, glosando uma dessas citações, o que Agustina sabe dá para arrasar montanhas.

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