sábado, 9 de novembro de 2013

Diário dos perplexos/O Rankismo e os terrores da performance

Renova-se aqui um texto, tornado actual pelo furor rankista

A Mitologia subjectivou-se, e a heroicidade revela-se hoje num eu performativo inscrito nas diversas esferas da existência social. O culto do indivíduo sobreactivo, que forceja insanamente para maximizar todas as suas performances na profissão, na forma física, no sexo, no consumo, no envelhecimento (nas sociedades hipermodernas de horror à senescência, envelhecer é a performance por excelência) faz parte do sincretismo ideológico hodierno. Liptovesky já escreveu bastamente sobre a cultura da performance, da superação e da excelência - todos estimulados, todos determinados a ser competitivos, a correr riscos, a chegar ao topo –, e é na escola que melhor vinga esta cultura, que Stephen Ball, conhecido sociólogo da educação da universidade de Londres, designa como os terrores da performatividade : exames sobre exames, avaliações sobre avaliações, quadros de excelência sobre quadros de excelência, rankings sobre rankings, até que tudo não passe de mero pontilhismo numérico dentro de uma folha de excel.

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