Futebol,
s. m. Desporto jogado com os pés, mãos e cabeças
perdidas, por duas equipas de onze jogadores, três árbitros e duas hordas.
Invariavelmente, em paro, há uma bola a assistir; o filósofo Jean-Paul Sartre
reflectiu sobre a singularidade desse objecto redondo em-si, que concita tantas
paixões, alvitrou que num jogo de futebol tudo fica complicado na presença do
adversário (o Outro, o Inferno), e acabou por concluir que numa complicação
tudo fica mais complicado na presença da filosofia; o poeta recifense João Cabral
de Melo Neto definiu assim a anima da bola de futebol.
A bola não é inimiga
como o touro, numa corrida;
e embora seja um utensílio
caseiro e que não se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reação própria como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcia de mão.
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