Há um novelista enófilo
britânico, Lawrence Osborne, que tem uns dichotes interessantes sobre a
crendice ignara que é dar 1ooo euros por uma garrafa. Em primeiro lugar, diz o
autor do The Accidental Connoisseur,
o que define a posição de um vinho nas revistas da especialidade é um misto de
marketing e, às vezes, qualidade. Como diz Osborne, há vinhos tão bons como o Lafite por aí, mas nem todos têm a família
Rothschild por trás. Em segundo lugar, o acto de superstição que é comprar
uma garrafa por esse preço demonstra que os
ricos gostam que lhes digam do que eles devem gostar, e esquecem que,
garantido um mínimo denominador comum (fermentação minudente, um terroir interessante, bons barris de
madeiras nobres), só há dois tipos de vinhos: aquele dos quais gostamos e são
para nós criaturas joviais, e os
outros. Hoje, por acaso, até bebi um supimpa: fresco, esperto, entrando mais na alma do que muito livro santo,
como diria o Eça.
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