A propósito da crise da
credibilidade política, e num capítulo epigrafado com uma citação de Juvenal - Difficile est satyram non scribere (É
difícil não escrever uma sátira) -, o filósofo alemão Peter Sloterdijk rememora,
no livro Mobilização Infinita, uma singular
tradição política romana. Sempre que um cidadão se apresentava como candidato a
um cargo público, desfilava pela cidade usando uma toga imaculadamente branca,
asseverando assim aos seus concidadãos a condição de «candidus», cândido, isto
é, candidatum. O que queriam os
candidatos dar a saber? Segundo Sloterdijk, os Candidati desejavam dar a saber
que estavam dispostos a perder a sua inocência; eram «as noivas» do princípio
da realidade, cujo potencial de desfloração é lendário desde o tempo dos
Romanos. Ficamos à espera, mas o candidato só lá vai se a Brígida Vaz arranjar um vicentino virgo postiço.
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