quinta-feira, 22 de maio de 2014

Diário dos Perplexos/Acreditará o politicamente correcto ser possível pegar neste pedaço de merda pelo lado limpo

Já aqui foi lembrado que o politicamente correcto é um passe-partout pragmo-retórico que, segundo uma novel definição digna do Dicionário do Diabo do Bierce, sustenta a ideia de que é inteiramente possível pegar num pedaço de merda pelo lado limpo. Ora, mais uma vez, hoc opus, hic labor estaqui é que a porca torce o rabo... Não é. Não gastemos mais latim e limpe-se este buseiro.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Diário dos Perplexos/Se não é o eterno retorno do fascismo, pode bem ser o diabo por ele...

Numa entrevista dada à Al-Jazeera em 29 de Outubro de 2011, o psicobolche  Slavoj Žižek (segundo algumas abantesmas, uma combinação pérfida de marxismo e lacanismo ) constatava ominoso  que o  casamento entre o capitalismo e a democracia tinha acabado e que agora tudo estava em aberto. De facto, o que se entrevê não é resserenador: não se trata da ameaça tremendista e dantesca de um Führerprinzip, como diz aqui o António Guerreiro, mas de aniquilação da potência da decisão política como jogo dos possíveis e da inculcação da experiência do medo na vida activa e inactiva mediante os renascentes microfascismos  empresariais e as diligentes políticas de insegurança social. Se não é o Eterno Retorno do Fascismo, pode bem ser o diabo por ele.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O conservadorismo explicado só com duas perguntas e um distinguo


Para a revista Exame, um aporético João Pereira Coutinho resumiu a diferença entre conservadores e progressistas em duas perguntas: Os progressistas, confrontados com uma possibilidade de mudança, perguntam: ‘E por que não?’ Os conservadores preferem a pergunta inversa: ‘E por que sim?’. 
Ora, eu uso de cotio um pequeno vade mecum do Dicionário do Diabo e, ainda mal lido e entendido do dilemático perguntar do Coutinho, desembolso-o num fósforo, compulso-o noutro, e lá está: “Conservador: um estadista que gosta das coisas más que já existem; por oposição ao Liberal, que as quer substituir por outras.” Depois de tão ilustre distinguo, fiquei ilustrado.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Some Girls Are Bigger Than Others

O homem já tem a autobiografia na canónica Penguin Classics, e aqui, na Brixton Academy, em Dezembro de 86, como se Anthony said to Cleopatra /As he opened a crate of ale, cantava o verificacionista Some Girls Are Bigger Than Others. Já sabíamos que algumas canções pop (e Bach) podem ajudar pessoas com lesões cerebrais graves a relembrar memórias pessoais, mas nunca ninguém escreveu sobre os seus efeitos tóxicos. Enquanto esperamos pelo paper, ouçamo-la pela vigésima quinta vez.