segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Prof./Todos os lugares podem ser prisões se não desejarmos lá estar, dizia Epicteto. E disse tão bem que quando vejo a chusma de malandrins bravios e contumazes permanecer na escola ao abrigo da escolaridade obrigatória, relembro as palavras do filósofo estóico


Todos os lugares podem ser prisões se não desejarmos lá estar, dizia Epicteto. E disse tão bem que, quando vejo a chusma de malandrins bravios e contumazes permanecer na escola  ao abrigo da escolaridade obrigatória, relembro as palavras do filósofo estóico. É claro que não podemos, à guisa do padre Serrão do Aquilino, despedi-los com o outra vida, amigo, outra vida! Nesta derrancas-me o sangue, gastas o baguinho a teu pai e ficas burro como dantes, e resta-nos a virtude prudencial da paciência e a via-sacra dos códigos e procedimentos disciplinares. Mas aqui é que a porca torce o rabo. A disciplina fia fino nas escolas, e não se aplica sanção alguma sem uma via-sacra de procedimentos, formulários, fichas de reflexão individual e audições confessionais, pictograficamente representadas num torvelinho de fluxogramas, organogramas e outros bricabraques escolares. Está visto que os primeiros a serem punidos pela indisciplina do malandrim são o professor e o director de turma que, já assoberbados pela kafkiana, zelosa e zelota, burocracia escolar, invocam Santa Rita de Cássia, deitam mãos à obra e, não raro, cogito eu, mandam por fim às urtigas a tarefa de preparar com rigor as suas aulas.

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