Todos
os lugares podem ser prisões se não desejarmos lá estar,
dizia Epicteto. E disse tão bem que, quando vejo a chusma de malandrins bravios e contumazes permanecer na escola ao
abrigo da escolaridade obrigatória,
relembro as palavras do filósofo estóico. É claro que não podemos, à guisa do
padre Serrão do Aquilino, despedi-los com o outra
vida, amigo, outra vida! Nesta derrancas-me o sangue, gastas o baguinho a teu
pai e ficas burro como dantes, e resta-nos a virtude prudencial da
paciência e a via-sacra dos códigos e procedimentos disciplinares. Mas aqui é
que a porca torce o rabo. A disciplina fia fino nas escolas, e não se aplica
sanção alguma sem uma via-sacra de procedimentos, formulários, fichas de
reflexão individual e audições confessionais, pictograficamente representadas
num torvelinho de fluxogramas, organogramas e outros bricabraques escolares.
Está visto que os primeiros a serem punidos pela indisciplina do malandrim são o
professor e o director de turma que, já assoberbados pela kafkiana, zelosa e
zelota, burocracia escolar, invocam Santa Rita de Cássia, deitam mãos à obra e,
não raro, cogito eu, mandam por fim às urtigas a tarefa de preparar com rigor
as suas aulas.
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