quinta-feira, 7 de maio de 2015

Porque é que todos os humoristas da rádio e da televisão são de esquerda?, pergunta o Rui Ramos aqui. Um espírito como Leo Strauss diria que as doutrinas da tradição não foram rebatidas, foram expulsas pelo riso, e, por isso, o riso seria da revolução e concitaria o rancor da direita...

Porque é que todos os humoristas da rádio e da televisão são de esquerda?, pergunta o Rui Ramos aqui.

Um espírito como Leo Strauss diria que as doutrinas da tradição não foram rebatidas, foram expulsas pelo riso, e, por isso, o riso seria da revolução e concitaria o rancor da direita: Deus, por exemplo, é hoje um caso consabido de absent(e)ismo, foi corrido da história, do espaço-tempo, da eternidade (duração indefinida com demasiados tempos mortos e na qual não se pode morrer de tédio),  e tem uma mera existência particulada e indiciária ( o bosão de Higgs, a Goddamn Particle!). Bergson daria o beneplácito e dirá também que o riso é de esquerda quando enumera as fulgurações e causas do cómico e realça a rigidez da forma, física ou espiritual, individual ou colectiva, que conduz à exaustão, primeiro, e à assuada social, depois. Ora, nada há de mais rígido do que o Poder, que, por via desta rigidez, é sempre de direita. O Poder é sempre, ao contrário do humor, maniqueu, integrista, e um manancial inextinguível para os chalaceiros (Joseph Conrad escreveu ser o governo em geral, qualquer governo em qualquer lado, uma coisa de comicidade excelente para uma mente inteligente). Era esta rigidez maniqueísta do poder soviético, imediatamente percebido como de direita, que motivava o anedotário do gentio na URSS, empenhado em votar à derrisão tal maniqueísmo. «- Bem vistas as coisas, que é o capitalismo? – É a exploração do homem pelo homem. - E o comunismo? – Exactamente o contrário.»

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