De cada vez que Marcelo acha, crê, assevera, garante, jura e trejura, o
acto linguístico da sua enunciação gera, paradoxalmente, o contrário do que
achou, acreditou, asseverou, garantiu, jurou e trejurou. Se Marcelo
"garante estabilidade, pelo menos até às autárquicas", enunciá-lo é
começar a socavar essa estabilidade. Se Marcelo "não acha que o Governo vá
cair por causa das autárquicas", então o governo já começou a cair por causa
das autárquicas. Cada intervenção pública de Marcelo ilustra, com mestria e
exemplaridade antológica, o conceito de auto-contradição performativa, isto é,
se Marcelo asseverasse que Cristo não ia descer à Terra, começariam a ouvir-se,
num ápice, as trombetas do apocalipse.
Sem comentários:
Enviar um comentário