quinta-feira, 31 de maio de 2012

Coimbrinha (série) A



Add caption

Arrenegue-se pois o Fialho de Almeida que, viperino, asseverava possuir o futrica só duas aptidões atavísticas: a d`irmão do Santíssimo e a de levar lambada de estudante. Hoje, o Santíssimo joga na primeira divisão e o  estudante, como figura e representação, continua parasitariamente incrustado à cidade, deixando-a exangue e anémica de energia artística e cultural.
 Mas para constar em memória futura, escreva-se que, durante o mês de Março, Abril e Maio, todas as quintas-feiras, também a Associação de Amigos do Conservatório de Música de Coimbra demonstrou, sem atavismos estéticos e estilísticos, saber jogar na primeira divisão e ganhar.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Coimbrinha (série) B


Novo hospital privado de Coimbra é 

inaugurado hoje



URGÊNCIAS DOS COVÕES FECHAM À NOITE 


A PARTIR DO DIA 28


Por: Redacção | CLC | 2012-05-14 17:55

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Grécia - Da Tragédia à Farsa




No livro Da Tragédia à FarsaŽižek escreve sobre a competição ideológica «discursiva» em relação à crise de 2008, usando o exemplo da Alemanha  nos começos da década de 30. Através de insidioso efeito de convicção, Hitler impôs a narrativa da conspiração judaica para explicar a crise da República de Weimar, definindo nesse mesmo movimento discursivo a via optimal da sua superação.
As narrativas em competição «discursiva» sobre as causas e soluções da actual crise têm também os seus lugares retóricos antinómicos: dívida versus desregulação financeira, austeridade versus crescimento económico. Nenhuma das narrativas parece ser falsificável  pelos factos e indicadores económico-financeiros, mas quando os dados parecem infirmar uma delas, um ajuste discursivo salva o núcleo central dessa narrativa.
 Depois de dois anos de medidas de austeridade prescritas e aplicadas à Grécia,  com os resultados políticos e económicos catastróficos consabidos, o que dizem os liberais para salvarem a sua narrativa.    Explica Žižek: acusam de todas as falhas os compromissos dos encarregados de as aplicar (teria continuado a haver excessiva intervenção estatal, etc.) e reclamam nada menos do que uma adopção ainda mais radical da doutrina.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Elogio da "Ociosidade Criadora"



Num dos seus desaforos aforísticos, escreveu Nietzsche sobre a infelicidade dos homens activos, cujas actividades são sempre um pouco irracionais: Não se pode perguntar ao banqueiro acumulador de dinheiro, por exemplo, pelo objectivo da sua actividade incessante; ela é irracional. O homem activo, diz Nietzsche, rola como pedra, conforme a estupidez da mecânica.  Pulido Valente, o de acerba língua, é o nosso íncola mestre da suspeita, e aprendeu em Oxford o que Nietzsche já tinha aprendido em Bonn : Todos os homens se dividem, em todos os tempos e hoje também, em escravos e livres; pois aquele que não tem dois terços do dia para si é escravo, não importa o que seja: estadista, comerciante, funcionário ou erudito.

"Tirando algumas paixões tumultuosas e a geral escassez da fêmea da espécie na região, a vida de Oxford não podia ser mais doce. Depois do pequeno-almoço, duas horas calmas com jornais e café, na sala do Colégio. Entre as onze e a uma, cartas, compras, uma volta pela cidade ou a pura e pacífica contemplação do nada. Almoço e sesta. Das três às sete, ler ou escrever. Às sete, o bar para o merecido conforto do álcool, enquanto não se jantava ou não chegava o momento de seguir para um restaurante decente. Os dias passavam, os meses passavam, passaram anos, sem um encargo, um compromisso, um dever a cumprir.

Chama-se a isto «ociosidade criadora», noção clássica inteiramente estranha a gente rústica e pindérica como os portugueses e sobretudo às classes médias enlouquecidas pelo trabalho da nova era «liberal». Em Oxford, as minhas ambições académicas, coitadinhas, acabaram antes de começar, excepto se se entender que o desejo de voltar para Oxford, como Oxford era em  1968, antes da sra. Thatcher e do dinheiro japonês, com o propósito de permanecer ocioso e de assegurar os meus cómodos e confortos, constitui uma ambição académica. Porque essa admito que me apareceu por volta de 1977 e nunca mais me largou.

Em 1968, a Universidade, de resto, não estimava os campeões, a não ser os de remo, e desencorajava o zelo e a competição «científica». Os eruditos, os laboriosos e os prolíficos não inspiravam qualquer simpatia. As luminárias «teóricas» eram objecto de uma justa condescendência e nem mesmo o título de «professor», em Oxford honorífico e aleatório, suscitava o temor reverencial a que normalmente está associado em países bárbaros. A Universidade preferia a inteligência, a graça, a extravagância e até a pura preguiça; e no fundo, como Salisbury, execrava o «mérito» burguês."

Vasco Pulido Valente,  Retratos e Auto-Retratos

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Rousseau contre Hobbes: le vote crucial



L 'un était convaincu que « l'homme est un loup pour l'homme» et a donc imaginé un Etat-Léviathan. L'autre défendait au contraire une bonté naturelle appelée à être réactivée par un « contrat social». Les deux font date dans lhistoire de la pensée. Or, il se pourrait bien que Thomas Hobbes et Jean-Jacques Rousseau animent encore secretement notre actualité politique. Il est en effet frappant de constater à quel point Nicolas Sarkozy est proche de la philosophie libérale et autoritaire de Hobbes, là où François Hollande rejoint l'aspiration républicaine de Rousseau. Vu sous cet angle, le débat, en apparence atone, de la présidentielle prend un relief inattendu. Et ses enjeux s'éclairent: car, comme le montre notre sondage exclusif, les Français apparaissent majoritairement rousseauistes mais aux prises avec un monde hobbesien dédié à la compétition de tous contre tous. Décryptage d'une quadrature du cercle pour mieux débrouiller les fils d'un vote crucial.

Philosophie Magazine

quinta-feira, 3 de maio de 2012

libertas a miseria


A Jerónimo Martins sabe de análise sociológica tardo-capitalista. A crise do público e do comum e o aumento da importância da esfera privada levam à substituição paulatina dos direitos de cidadania pelo direito ao consumo e à substituição do interesse na participação política pela participação no consumo. Ainda que a política e a economia excluam, se o consumo simula a inclusão através do incremento de um denominado poder de compra, fáctico ou fictício, apaziguam-se os conflitos e as tensões sociais e instala-se a percepção de autonomia e liberdade (o desvario prestamista das últimas décadas criou esse simulacro de inclusão em que todos podiam comprar tudo) . 
 Mas a liberdade democrática, como diz Fernando Savater, não é só a ausência de coacção (libertas a coactione), é também a ausência de miséria ( libertas a miseria), e, por isso, é necessário perguntar: quantos são livres na fotografia acima reproduzida? Quantos serão na próxima promoção? 

Já agora, para se evitarem as escusas tontas dos que faltaram este ano às cerimónias oficiais do Dia da Liberdade, e se justificarem ausências com motivo de maior força no ano vindouro, sugiro à administração do Pingo Doce a data da próxima promoção: 25 de Abril de 2013.