Vinho,
s.m.
Criatura jovial gerada pela fermentação do sumo de uva, que conta já oito mil
anos de história e igual tempo de peripécias;
está na origem do primevo género dramático, a bebédia, do qual ninguém, estranhamente, se parece lembrar muito
bem (à luz da poética clássica, na tragédia, a peripécia é a passagem da felicidade para a infelicidade, na bebédia, amiúde o contrário); no seu Il Vino – Un Discorso Sui Suoi Effetti Psicologici,
e na sua lustrosa prosa novecentista, De Amicis descreve como o bebedor de vinho
começa por usar fastidiosos períodos com
um comprimento ciceroniano ao princípio, cheios de comentários e achegas, e
que se vão pouco a pouco desmoronando e
desfazendo, até se reduzirem ao estilo picado dos oradores asmáticos, indubitavelmente
mais persuasivo; o segundo sangue da humanidade nos dias de abstemia.
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