Um texto recente da
blogosfera relembrou-me o jovial Até
Onde Se Pode Ir?, no qual David Lodge biografou as vidas eróticas de um
grupo de estudantes universitários católicos ingleses, nascidos no pós-guerra,
e para os quais a revolução sexual chegou tarde de mais. Nados e desmamados na
ortodoxia vaticanista do Catolicismo, rigorista e sexófoba, a via profana do
sexo pré-marital, marital, extra-marital, pós-marital, é uma via crucis de temores e ardores, dúvidas
e aporias: o que se pode fazer? Quais os limites?
No Mau Tempo no Canal, escreve Nemésio a certa altura que o caminho da
castidade é mui árduo e encosta arriba,
e Lodge, especialista na efabulação
ético-religiosa, faz percorrer as suas personagens metade desse caminho,
expondo-as às aporias decorrentes do Concílio Vaticano II e da encíclica Humanae Vitae e romanceando uma das vexatae quaestiones da Igreja – o
sexo católico -, sobre a qual, em boa verdade, um certo catolicismo prefere
passar como cão por vinha vindimada.
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