Enquanto alguns
economistas vaticinam a morte do sistema actual de segurança social, fazem a
apologia da self help e clamam que só
uma minoria de desvalidos, os deserving poors, merece apoio, outros, adeptos
das mertonianas self-fulfilling prophecies, não
querem deixar a profecia depender da casuística e estão empenhados, segundo Bourdieu,
em fazer da insegurança social um
princípio positivo de organização colectiva, capaz de produzir agentes
económicos mais eficazes e produtivos.
Recentemente, o
presidente Obama pôs-se a fazer umas contas sobre a falta de mobilidade social
e a crescente desigualdade no seu país, ilustrando este facto com a seguinte
intervenção: Desde 1979, quando terminei
o liceu, a produtividade da economia americana subiu mais de 90%, mas os
rendimentos da família típica americana aumentaram menos de 8%. E continuou: No
passado, o salário do director de uma empresa era 20 ou trinta vezes o de um
trabalhador médio, hoje é 273 vezes mais. Ora aí estão dois factores a
ponderar pelos áugures da insustentabilidade da segurança social, que têm
propalado a tese do catastrofismo demográfico. Depois disto, a tese que afirma
que a chave da sustentabilidade da
segurança social está na riqueza produzida e nas relações laborais e não no
actual quadro demográfico não será tão risível. Depois disto, até a negregada
Raquel Varela pode citar Obama.
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