A democracia precisa das
humanidades? Ora aí está uma boa pergunta sobre a qual a filósofa Martha
Nussbaum escreveu um livro - Not For
Profit: Why Democracy Needs Humanities – que Nuno Crato e Pires de Lima
deviam ler. Nele a filósofa norte-americana pleiteia a causa das Humanidades e
reclama a sua presença nos sistemas educativos das democracias. Nussbaum
convoca o apólogo Socrático uma vida não
questionada não vale a pena ser vivida, salientando que só as Artes e
Humanidades permitem a avaliação dos
dados históricos, a comparação de
diferentes concepções de justiça, a avaliação das grandes religiões do
mundo, enfim, um pensamento
crítico-argumentativo virtuoso, virtude maior das democracias. Fernando de
Bulhões, vulgo santo António, escreveu que não
é sábio quem sabe mais do que é preciso, mas o saber sobre o que é preciso
aprender e ensinar carece de uma reflexão filosófica não trivial, para além das
orientações políticas liberais do sistema de ensino das democracias (entre as
quais o infognosticismo e a
lengalenga da ligação às empresas são
exemplos exemplo risíveis), que menorizam as Letras, minguam os já depauperados
orçamentos dos departamentos de Artes e Humanidades, consideram supérfluos e
ociosos todos os saberes que não se concretizem numa estrita techné.
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