segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A democracia precisa das humanidades?

A democracia precisa das humanidades? Ora aí está uma boa pergunta sobre a qual a filósofa Martha Nussbaum escreveu um livro - Not For Profit: Why Democracy Needs Humanities – que Nuno Crato e Pires de Lima deviam ler. Nele a filósofa norte-americana pleiteia a causa das Humanidades e reclama a sua presença nos sistemas educativos das democracias. Nussbaum convoca o apólogo Socrático uma vida não questionada não vale a pena ser vivida, salientando que só as Artes e Humanidades permitem a avaliação dos dados históricos, a comparação de diferentes concepções de justiça, a avaliação das grandes religiões do mundo, enfim, um pensamento crítico-argumentativo virtuoso, virtude maior das democracias. Fernando de Bulhões, vulgo santo António, escreveu que não é sábio quem sabe mais do que é preciso, mas o saber sobre o que é preciso aprender e ensinar carece de uma reflexão filosófica não trivial, para além das orientações políticas liberais do sistema de ensino das democracias (entre as quais o infognosticismo e a lengalenga da ligação às empresas são exemplos exemplo risíveis), que menorizam as Letras, minguam os já depauperados orçamentos dos departamentos de Artes e Humanidades, consideram supérfluos e ociosos todos os saberes que não se concretizem numa estrita techné.

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