terça-feira, 28 de junho de 2016

"Old England is Dying"

Para citar os Waterboys de Mike Scott (não me ocorre ninguém da alta cultura, desculpem lá!), "old england is dying". Dois brexits numa semana é bizarria a mais. Até para a rapaziada que tem uma câmara dos lordes e inventou o Harry Potter, "o rapaz ocultista".

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Aturdido ainda com os zumbidos e tremedouros da ressaca do Brexit, balanço-me para leitura tempestiva, com especial delonga nos seguintes capítulos: " Os políticos deles são tão debochados que fazem o Clinton parecer um rapazinho de coro"; "Eles veneram um gigante relógio-deus como o símbolo vivo da autoridade do estado"...


Aturdido ainda com os zumbidos e tremedouros da ressaca do Brexit, balanço-me para leitura tempestiva, com especial delonga nos seguintes capítulos: " Os políticos deles são tão debochados que fazem o Clinton parecer um rapazinho de coro"; "Eles veneram um gigante relógio-deus como o símbolo vivo da autoridade do estado"; "Eles deram o primeiro emprego a Karl Marx"; "Eles caçam animais espertos com animais burros, por desporto"; Eles inventaram e propagaram a teoria do estado de bem-estar social"; Eles transformaram o futebol no jogo do mundo".
Enfim, tudo o que o genuíno albufeirense e o presidente de conselho europeu devem saber, mas têm vergonha de perguntar.

terça-feira, 21 de junho de 2016

"O grande escritor visto de costas"

“ (…) O mínimo que se pode pedir a um grande escritor é, por isso, que tenha automóvel. Tem de viajar muito, ser recebido por ministros, fazer conferências, dar aos líderes da opinião pública a impressão de que representa uma força moral não desprezível.” (…)


Robert Musil, O Homem sem Qualidades

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Islândia não é só a terra dos gigantes que queriam esmagar a cabeça do Ronaldo. Também por lá habitam gnomos com voz de elfo que se metamorfoseiam pelo canto.

A Islândia não é só a terra dos gigantes que queriam esmagar a cabeça do Ronaldo. Também por lá habitam gnomos com voz de elfo que se metamorfoseiam pelo canto. Cuidado com eles!

Em parceria literária com Adolfo Bioy Casares, Jorge Luís Borges escreveu um conto sobre um país em que os fanáticos do futebol descobrem, perplexos, que o futebol deixou de existir...

Em parceria literária com Adolfo Bioy Casares, Jorge Luís Borges escreveu um conto sobre um país em que os fanáticos do futebol descobrem, perplexos, que o futebol deixou de existir no dia 24 de Julho de 1937 (o conto intitula-se-se, filosoficamente, “Esse Est Percipi”). Os estádios derruíram, e o que os amantes desse desporto passaram a ver e ouvir na rádio e na televisão (“hoy todo pasa en la televisión y en la radio”) é um mero género dramático, a cargo de um só homem numa cabina ou levado a cabo por vários actores equipados em frente a uma câmara. 
Ontem, findo o jogo e mal os relatadores anunciaram a “confraria do comentário do futebol na TV”, lembrei-me deste conto e, ansiado e aziado, premi nesse comenos o botão do comando. Offside.

"Numa sociedade de trabalhadores sem trabalho, isto é, de trabalhadores privados da única actividade que lhes resta", sobeja ser ministro para poder vir a ter o melhor emprego do mundo - ser ex-ministro.


No "L'Euphorie Perpetuelle - Essai Sur Le Devoir De Bonheur", escreveu Pascal Bruckner que a sobrecarga de trabalho se tornou num "sinal ostentatório de potência". Diz Bruckner que, "embora as classes laboriosas aspirem à ociosidade, as classes ditas ociosas tornaram-se laboriosas, fixando-se para si próprias semanas de 60 a 80 horas e exibindo o excesso de trabalho como índice da sua superioridade". "Numa sociedade de trabalhadores sem trabalho, isto é, de trabalhadores privados da única actividade que lhes resta", sobeja ser ministro para poder vir a ter o melhor emprego do mundo - ser ex-ministro.

Cada intervenção pública de Marcelo ilustra, com mestria e exemplaridade antológica, o conceito de auto-contradição performativa...

De cada vez que Marcelo acha, crê, assevera, garante, jura e trejura, o acto linguístico da sua enunciação gera, paradoxalmente, o contrário do que achou, acreditou, asseverou, garantiu, jurou e trejurou. Se Marcelo "garante estabilidade, pelo menos até às autárquicas", enunciá-lo é começar a socavar essa estabilidade. Se Marcelo "não acha que o Governo vá cair por causa das autárquicas", então o governo já começou a cair por causa das autárquicas. Cada intervenção pública de Marcelo ilustra, com mestria e exemplaridade antológica, o conceito de auto-contradição performativa, isto é, se Marcelo asseverasse que Cristo não ia descer à Terra, começariam a ouvir-se, num ápice, as trombetas do apocalipse.