A propósito da crise da
credibilidade política, e num capítulo epigrafado com uma citação de Juvenal - Difficile est satyram non scribere (É
difícil não escrever uma sátira) -, o filósofo alemão Peter Sloterdijk rememora
no livro Mobilização Infinita uma
singular tradição política romana. Sempre que um cidadão se apresentava como
candidato a um cargo público, desfilava pela cidade usando uma toga
imaculadamente branca, asseverando assim aos seus concidadãos a condição de «candidus», cândido, isto é, candidatum. O que queriam os candidatos
dar a saber? Segundo Sloterdijk, os Candidati
desejavam dar a saber que estavam dispostos a perder a sua inocência; eram «as noivas» do princípio da realidade,
do sistema de poder, cujo potencial de desfloração é lendário desde o tempo dos
Romanos. Ficamos à espera, mas o candidato a primeiro-ministro Costa só lá vai
se a Brígida Vaz arranjar um vicentino virgo postiço.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
domingo, 28 de setembro de 2014
Duas declarações videirinhas sobre o amor solícito que o primeiro-ministro e o presidente da república devotam ao pluralismo opinativo
Duas declarações videirinhas do amor solícito que o primeiro-ministro e o presidente da república devotam ao pluralismo opinativo e àquilo que a modernidade denominou como espaço público : o primeiro diz que não está para streapteases fiscais nem para o olho cúpido dos leitores de jornais, essa espécie dócil e incuriosa quando se deixa capturar pelas agências de marketing político, nefanda e bravia quando se põe a escrutinar a mentira e a omissão com perna curta; ao segundo, Cavaco Silva, comicha um país com tantos comentadores e politólogos . A ambos não agradará a definição orwelliana de jornalismo como a publicação daquilo que alguém não quer que se publique, mas paciência - é a política, a política, a política...
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Wittgenstein Para Banqueiros
Em período de temor e tremor na banca, e em início de ano lectivo, propomos as seguintes leituras para os homens a quem Draghi quer limitar os ordenados. Para além do "Nietzsche Para Stressados" e do "Oscar Wilde Para Inquietos", propomos o "Wittgenstein Para Banqueiros". Tudo o que pode ser dito, pode ser dito claramente, e o sobre aquilo de que não podemos falar, devemos calar-nos, parecem-nos aforismos avisados ao desaforo bancário.
domingo, 21 de setembro de 2014
Mas esta gentalha de agora não percebe ou percebe muito bem que, em política e quando se trata de erro palmar, o pedido de desculpas e a exculpação, a moral curial, não substituem a demissão - desculpar-se, exculpar-se e demitir-se são o uno e trino tributo que o homem político deve prestar à virtude política . O resto são putinhices.
domingo, 14 de setembro de 2014
Tempo do nabo greleiro. Mas seguindo sempre o preceito virgiliano: elogia o campo vasto, cultiva um pequeno.
Tempo do nabo greleiro. Mas seguindo sempre o preceito virgiliano: elogia o campo vasto, cultiva um pequeno.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
O espanto pânico que nos assalta quando vemos tecnologia sofisticada a ser usada para dar a ver isto, o ob sceno, o que devia acontecer fora de cena, é um espanto antigo...
Associamos comummente algumas
regressões ideológicas anti-modernas à aversão tecnológica e a um ludismo anacrónico.
O progresso da tecnociência ocidental, ao invés, seria o alfa e o ómega da própria
democracia, dissiparia as medievas trevas e destronaria o dogma e a barbárie.
Mas não caiamos no
logro, esconjuremos visões prometeicas ou ominosas sobre a produção e o uso da
tecnologia: o espanto pânico que nos assalta quando vemos tecnologia
sofisticada a ser usada para dar a ver isto, o ob sceno, o que devia acontecer fora de cena, é um espanto antigo.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
De modo que, não fosse o Correio da Manhã e o blog do Francisco José Viegas, não teríamos suspirado "ufa!", "safa!", "finalmente!", em Manhattan ninguém teria ouvido Woody Allen glosar-se "não apenas o ponto G não existe, como tente encontrar um canalizador num fim de semana"...
Há um ror de anos, um grupo de investigadores do King's College concluía que o ponto G não existia, e que essa suposta zona erógena paroxística não era senão uma construção cultural, alimentada por revistas femininas e terapeutas sexuais. Mas, em bom rigor, a ciência também é uma construção social e, pelo sim pelo não, todos os homens forcejaram e perseveraram no "procura e encontrarás" preceituado em Mateus. De modo que, não fosse outro estudo, o Correio da Manhã e o blog do Francisco José Viegas, não teríamos suspirado "ufa!", "safa!", "finalmente!", em Manhattan ninguém teria ouvido Woody Allen glosar-se "não apenas o ponto G não existe, como tente encontrar um canalizador num fim de semana", a Sociologia da Ciência não teria discreteado sobre a construção social dos objectos científicos (Bruno Latour não teria aberto uma garrafa de Don Perignon) e Alberto Manguel e Gianni Guadalupi não teriam escrito uma nova entrada no "Dicionário de Lugares Imaginários".
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